Comunicado do CPIG no dia da Pátria de 2021

Publicamos a continuaçom o comunicado recebido do Coletivo de Presas Independentistas Galegas polo 25 de Julho, Dia da Pátria Galega:

Desde os tempos da luita anti-franquista, o dia da Pátria vem celebrando-se também, de maneira quase ininterrompida, dentro dos muros de cadeias espanholas. Para as presas e os presos independentistas, este nunca é um dia mais no calendário: nas melhores circunstáncias, há ocasions nas que temos podido improvisar um brinde e um abraço com outros companheiros de cativério e alimentar assim, mesmo em território inimigo, a chama da irmandade galega; nas piores, quando o isolamento e a dispersom nos tem pretendido secar o ánimo e as raízes, a prisom nunca tem podido evitar que no 25 de Julho olhemos dumha forma especial entre as grades da janela, querendo sentir o carinho e a força da nossa terra a vibrar em Compostela. E quando qualquer de nós necessita encontrar na sua memória um recordo do que tirar luz para enfrentar a escuridade carcerária, os dias da Pátria da nossa mocidade aparecem, inevitavelmente, como a fonte da que bebem ao mesmo tempo o nosso amor à Galiza, o nosso compromisso militante e a nossa rebeldia arredista.

Sabemos, porém, que fora destes muros os tempos nom estám a ser os mais propícios para grandes mobilizaçons. Às limitaçons e ao cansanço provocado pola pandemia, se calhar se somem a desorientaçom e o desánimo causados pola enésima liorta política, ou porque esta ou aquela posiçom nom nos parece a mais acertada. Por isso, num dia como hoje e numhas circunstáncias como as atuais, quem temos as máximas restriçons e dificuldades para celebrar o nosso Dia Nacional queremos fazer um chamamento para que ninguém das e dos que sentides a pátria deixedes de acudir no 24 e 25 de Julho às ruas de Santiago, a celebrar que a Galiza continua viva e a dar vida -com a vossa presença consciente e comprometida- a essa naçom que nom deixa de resistir. Porque o significado e a importáncia deste dia vai mui além das diferentes convocatórias partidárias que o dinamizam: tratase, sobretodo, do dia no que galegas e galegos de todas as partes e de todas as idades fazemos palpitar conjuntamente o coraçom da pátria, alimentamos a nossa irmandade e volvemos conjurar-nos na luita para que a Galiza nom desapareça. É a ocasiom para relativizar as desavinças e convocar-nos e reunir-nos por volta do realmente importante; também para celebrar as nossas pequenas vitórias, e fortalecer-nos por volta delas. Eis umha importante: se no ano passado aguardávamos com medo e raiva a possível ilegalizaçom de Ceivar e Causa Galiza, o juízo pola Operaçom Jaro deixou-nos nom só um grande exemplo de coragem e dignidade militante, mas também a confirmaçom de que a atividade antirrepressiva e a acçom política independentista nom som só justas e necessárias, mas também perfeitamente legais. O orgulho que sentimos vendo as nossas companheiras e os nossos companheiros falando com a cabeça bem alta de solidariedade, compromiso e militáncia ante os acusadores espanhóis, deve ser fermento que levede no seio dum movimento e dum povo demasiado afeito a laiar-se das suas eivas, e pouco inclinado a alimentar-se dos seus acertos.

Porque, utilizando umha metáfora à moda, a realidade é que o nosso país está na UCI, mais necessitado que nunca de esforços solidários, compromisos vitais e cuidados intensivos. Após o fracaso da estratégia criminal de converter a Galiza numha colónia turística de Madrid -que destroçou o nosso território, precarizou os nossos trabalhos e fixo depender as nossas vidas do sector mais instável da economia mundial-, o novo salto adiante cara o precipício chama-se “capitalismo verde”. O absurdo de querer continuar a produzir e consumir energia sem límite pretende agora alimentar-se de eletricidade em vez de petróleo, e para isso projecta umha ofensiva em forma de macro-eólicos e mineraçom. O que queda do nosso rural enfrenta umha ameaça semelhante à que fixo que os nossos pais e nais se erguessem nas Encrobas, em Xove, em Baldaio, em Castrelo de Minho… Porque, de forma semelhante a como a couça acaba com os móveis dumha casa, o capitalismo guiado polos fundos europeus e as políticas espanholas quer devorar, umha trás outra, as bases económicas e territoriais dumha forma de vida digna e sustentável para o nosso povo. A sua ambiçom insaciável nega-se a reconhecer a insensatez evidente deste caminho de crises contínuas e destruçom global, que já se demonstrou incapaz de oferecer futuro ao nosso país nem sequer durante umha geraçom. Venhem tempos de luita e de repressom, nos que nos corresponde continuar a defender com unhas e dentes a existência da Galiza como condiçom de possibilidade dumha vida diferente aos experimentos expoliadores, desumanizantes e insustentáveis do capitalismo mundial.

Acompanhando esse berro de orgulho e determinaçom que cada 25 de Julho fai tremer Compostela, hoje nós, desde as nossas celas, volvemos conjurar-nos com todas e todos vós na defesa do nosso território, da nossa identidade e da nossa soberania, únicas bases sobre as que será possível construir um futuro digno para o povo galego. Em cada bandeira ao vento, em cada punho em alto, em cada voz que volve entonar alto e forte o nosso hino, sentimo-nos representados as e os patriotas galegos prisioneiros de Espanha.

Irmás, irmaos: Viva a Pátria Galega!

Denantes Mortos Que Escravos