“Dixérom-me que colhesse roupa, que estava incomunicada e “a cousa” seria para dias”, denuncia Luzia R., presente na detençom de Raul Agulheiro

Luzia R. encontrava-se onte na morada de Raul Agulheiro aguardando por ele quando se iniciou o registo do domicílio pola Guardia Civil. Falamos com ela para que nos comentasse como foi o operativo policial e que foi o que aconteceu na rua do Espíritu Santo durante as quase três horas que durou a intervençom policial.

imagesComo se iniciou o registo?

Eu estava na casa, com o irmao de Raul, aguardando que chegasse ele. Como Raul tardava, o irmao foi procurá-lo fora e fiquei soa no andar. Aos dez minutos, aproximadamente, vim que três indivíduos encarapuçados que gritavam “Guardia Civil! Guardia Civil!” me apontavam com umha pistola desde a porta entornada. Entraram no andar sem eu me decatar. Rachárom o pomo da porta da casa e entraram.

Como te tratárom?

Primeiro entrárom três e logo encheu-se a casa de guardas civis encarapuçados. A mim ordenárom-me atirar-me no chao, boca abaixo. Gritavam que nom os mirasse e em poucos segundos a casa estava inçada de guardas civis encarapuçados. Logo pugérom-me contra a parede e repetiam também que nom me girasse e que nom os mirasse.

Nesta situaçom jogárom a meter-me medo, dizendo-me que colhesse roupa para marchar a Madrid, que já estava incomunicada e que “a cousa” seria para dias. Estavam-me a dizer indiretamente que me aplicavam a legislaçom antiterrorista e que estava incomunicada, com todo o que isso supom e as cousas que se che passam pola cabeça. Proibírom-me responder ao telemóvel também com a “explicaçom” da incomunicaçom. Umha outra cousa com a que insistírom bastante foi que sabia “algo”.

Como foi o registo?

Procuravam computadores e lápizes de memória, comentavam entre eles o que encontravam e o que estava comigo falava de qualquer cousa com tal de que eu nom ouvisse essas conversas. Logo de ocuparem a casa, uns minutos depois, chegárom vários cans e figérom como um segundo registo. Revolviam todo, atirando as cousas para o chao. Também atiravam fotos de todo o que encontravam. Acho que nalgum momento trougérom Raul à morada, porque me pareceu sentir a sua voz, mas como estava fechada no quarto nom o podo assegurar. Quando rematárom com todo, dissérom-me que ficasse na casa soa durante dez minutos logo de eles marcharem. A gente que estava já fora, na rua, solidarizando-se com Raul comentou que saírom vários carros com sereias a toda velocidade e que levavam Raul com eles.

Premiam-me também com a pistola nas costas. Em nengum momento me figérom perguntas sobre o motivo polo que supostamente estavam na nossa casa, mas repetiam que “ti sabes mais do que eu de que vai isto” e argumentavam que, como estudo Direito, nada disto me era estrano.

No exterior, um grupo de entre 20 e 30 pessoas concentrárom-se frente à morada de Raul Agulheiro, reivindicando a sua liberdade e denunciando o operativo policial. Enquanto todo isto acontecia a prática totalidade dos meios reproduziam a nota enviada polo ‘Ministerio de Interior’ a respeito da detençom, que chegava a assinalar o compromisso solidário de Raul com os independentistas presos como “indício” para a sua detençom.