Carta pública do preso independentista Roberto R. Fialhega

A continuaçom reproduzimos a carta pública do preso independentista Roberto R. Fialhega, Teto, escrita o 13 de Junho desde a prisom de Teixeiro. Lembramos que Teto foi deslocado a esta cadeia para declarar como imputado no juízo 8f45anos e no que a Fiscalia retirou os cargos contra ele e contra outro dos processados. Neste momento Teto está novamente dispersado em Estremera (Madrid).

10325152_1525060494380104_3098406441267892143_nA tod@s @s companheir@s:

Agora que porfim já rematou o juízo de Galicia Pilingui, e antes de que me retornem para as prisons da estepa castelhana -porque já  qualquer dia, a partires de amanhá, e sem prévio aviso, ‘marcho que tenho que marchar’ outra vez para Estremera D’or – Ciudad de Vacaciones-, nom queria deixar passar a oportunidade de agradecer-vos a tod@s, desde a “madeira mais fina da raiz do meu coraçâo”, todas as mostras de afeto e solidariedade que me figestes chegar ao longo destas poucas semanas que pudem passar na Terra –porque cá, embora todo seja talego nota-se quando um está na Terra- tanto durante as jornadas nos julgados como na marcha organizada por CEIVAR a Teixeiro. Esse dia nom nos conseguimos olhar mas sim que escuitei os vossos gritos que fôrom mais do que suficientes para saber que seguimos estando tanto dentro como fora e que a luita continua.

Dos dias de juízo… o que dizer? Mais do mesmo, muito contente! Muito obrigado a tod@s! Poderia escrever muitos nomes e sempre se me esqueceria algum mas começando desde @s onze companheir@s de banco, à equipa de advogados (com eles, até a fim do mundo) até tod@s @s cómpis que durante diferentes dias fôrom passando pola sala e também às/aos que ficárom fora que, por certo, também @s escuitei gritar ao entrar e sair metido na grileira. Igualmente às/aos que nom puidérom estar mas que dum jeito ou outro me figérom chegar o seu agarimo.

Insisto: muito obrigado a tod@s! O certo é que me sentim e sinto-me muito bem arroupado em todo o momento e podo dizer que volto para Madrid com umha grande saca ateigada de forte força e muito ánimo renovado para seguir remando, e assim, compartilhado, todo é mais doado.

Um cómpi dizia-me nos julgados que se aledava de atopar-me sorrindo como sempre, mas nom é para menos pois é a expressom direta de sentir-nos querid@s entre a nossa gente, de nom arredar de nós mesm@s e de manter-nos orgulhos@s do nosso Povo que está vivo, que nom se deixa maltratar e que dá resposta quando é agredido. Com a nossa luita fazemos o nosso sorriso indestrutível! Som muitos os motivos para sorrir… Olho ao meu arredor e acho que som outros os que tenhem que ficar com a tristura e as caras longas de cans.

Agora que António e eu ficamos fóra do juízo toca-me oferecer e mostrar todo o meu apoio às/aos companheir@s que aguardam sentença já que bem sabemos que com estes majaderos nunca nada se pode aventurar, mas, saír o que saír, sejam as condeas mais ou menos duras, sempre muita força, tranqüilidade e o preciso despreço perante o pronunciamento, pois se ponham como se ponham som leis espanholas desenhadas em Madrid para atuar numha normalidade forçosa onde se dá umha situaçom que nom é normal e sabendo que nunca terám a nossa legitimidade necessária para julgar a defesa da nossa Língua, da nossa Cultura, da nossa Terra… A sentença do Povo Galego é  a que devemos de por em valor e será a que nos absolva, devido a que já se pronunciou com todas as manifestaçons de apoio e solidariedade chegadas desde bem variados ámbitos da sociedade galega.

Como resumo rápido e leitura positiva de todo este processo, penso que temos que ressaltar e ficar com que aquel 8 de fevereiro de 2009 tirou-se de raiva e de dignidade. Muito orgulho quando as diferentes paróquias do Povo galego figérom por turrar juntas a um tempo e na mesma direçom de rechaço contundente ao espanholismo mais rançoso (lobos disfarçados com pele de anho), determinaçom e unidade para espantar aos mais ruins, imbécis e escuros. E conseguimo-lo!

A base de unidade de esforços, luita e rebeldia ensinamos os dentes aos que chegavam desde o outro lado do Padornelo em autocarros pagos a dizer-nos como temos que falar e em que Língua temos que viver. E logo, o que pensavam? Ainda por cima falam de violentos quando a verdade é que @s galeg@s já temos tido, em demasiadas ocasions, paciência avondo.

Pergunto-me eu, como aguardava esta gentalha que iam ser recebidos à sua chegada a Compostela? Fazendo-lhes um corredor pola rua de Sam Pedro? Sim, já… e depois de mijar por nós o mesmo tinham pensado ficar a passar o dia si el tiempo acompaña porque aquí siempre llueve, es una pena pero…, passear pola Zona Velha fazendo turismo de Turistam e aproveitar para comer umha boa mariscada que aquí son baratas y los camareros galleguitos son muy serviles, atentas y obedientes. Tururu.

Bom, moç@s, vou cortando o rolo que ainda que comezei a carta dum jeito formal já vedes que aos poucos estou a envenenar-me e para umhas quantas ringleiras que podemos compartilhar tampouco é jeito.

Pois isso, que na Galiza já temos aturado assovalhamentos de mais, que defender a Língua nom é delito e que, como escuitei dizer umha vez a Maria Osório, “nom vai ser a nossa geraçom a que deixe morrer a nossa Língua”. Aproveito para enviar à Maria um fondo abraço com a nossa força toda, dizer-lhe que a queremos a doer e que a cada dia a queremos mais.

Mais nada, companheir@s, despido-me. Muito obrigado novamente e, ainda que quando nos voltemos ver igual temos já a barba branca, nom vos preocupar porque nós seguiremos a estar e porque o nosso compromisso é indestrutível e que, por isso, temos um outro motivo para seguir a sorrir.

Até pronto!

Na Galiza sempre ceives!