Entrevista a Miguel Nicolás em La Haine

miguel_nicolas_fotoPublicamos a continuaçom a entrevista que lhe realizarom a Miguel Nicolás no portal de informaçom alternativa La Haine. Amanhá, terça-feira 5 de Fevereiro, comeza o juízo contra Miguel e Telmo Varela, polo que aproveitamos esta nova para animar a participar na concentraçom convocada para às 9:30h diante do julgado nº1 de Vigo que se celebrará tanto a terça como a quarta.

Também lembrar que hoje às 20:3h há convocada umha concentraçom na praça da Galiza, em Compostela, em apoio e solidariedade com Telmo e Miguel.

 

Miguel Nicolás Aparicio é um jovem galego, recentemente excarcerado e que sofreu cadeia polo facto de defender os direitos das e dos trabalhadores. Prontamente vai ser julgado junto Telmo Varela para os que a fiscalia pede altas condenas de prisom.

La Haine Galiza mantivemos com Miguel umha conversa arredor da sua luitas, sua situaçom…

L. Miguel, foches detido pola policia espanhola e encadeado ¿Podes explicar-nos os motivos que derom em te levarem a esta situaçom quiçá desconhecidos polos que nom moram na Galiza?

M. Os motivos de chegarmos a esta situaçom, quer Telmo, quer eu próprio…, acho que foi parte das tentativas do Estado espanhol de amedrontar e desmobilizar à classe operária galega mais consciente, tentando criminalizar a defensa dos seus direitos dentro dum sindicalismo de classe galego e combativo além de continuar também com o rumo imposto pola Europa do capital, em que carregar acima da nossa classe o peso da sistémica crise capitalista em que nos submergirom, tendo em conta como resposta operária, o já assumível e pactuado com o sindicalismo claudicante que o próprio Regime subvenciona. Após as greves e mobilizaçons desenvoltas desde o 2009 que davam resposta às continuas agressons com as que o submisso e ajoelhado Estado Espanhol perante a Troika tentava arrebatar os nossos direitos atingidos durante décadas, privatizar os nossos serviços públicos e dilapidar os nossos setores produtivos. Foi atingida, asssim, a cifra de 250000 obreiros e obreiras galegas em situaçom de desemprego, cumha perspectiva de se acrescentar, junto à posterior ameaça de nom prorrogar os subsídios de 420 euros, tentando também desmantelar o nosso setor naval.

O Estado Espanhol, temeroso perante umha classe operária a cada vez mais consciente, enojada e farta de “pactos sociais”, sob acusaçao dum ataque com coktéis molotov a umha oficina do Inem de Vigo, em dezembro de 2010, utilizou seu aparelho repressor e mediático para deternos primeiro a mim, e depois o Telmo, ambos sindicalistas da CUT, como os cabeças de turco com os que querer amedrontar à nossa classe, e tentar sufocar também através dos encarceramento, dispersom e leis antiterroristas, a progressiva radicalizaçom e reorganizaçom do povo trabalhador.

L. Naquele entom a situaçom era muito dura na Galiza e continua a sê-lo, cumha imensa quantidade e gravidade de problemas que levam a muita gente à rua a luitar polos seus direitos. ¿De quê jeito vês a situaçom social na Galiza?

M. A situaçom social atual na Galiza na minha opiniom, é dum progressivo empobrecimento da classe trabalhadora e de precariedade da mao de obra, em que a gente mais formada e preparada da história da nossa naçom, vê-se condenada ao desemprego ou à emigraçom.

Ao nom dispor nem exigir de jeito maioritário e contundente dum marco de relaçons sociais e laborais próprio, Galiza perdeu, por imposiçom da UE e de acordo com o Estado Espanhol, seus setores produtivos (agro, ganadeiro, pesca, metal, etc) junto com a industrializaçom com a que nos forom invadindo, além de continuar a sermos um abastecedor de mao de obra barata que tem como destino o Estado Espanhol e a Europa.

A chegada da crise no fim de 2007 evidenciou como o sistema capitalista mata e asfixia, sem qualquer respeito às pessoas e famílias, apenas sim, respeita os benefícios. Ainda que num primeiro momento, Galiza nom se viu tam afetada ao nom dependermos da borbulha imobiliária, agora já está na cabeça da destruiçom de emprego e miséria.

A nível social isto nom tem consequência numha resposta popular, achando-se fragmentada e sob controlo por parte dos governinhos e grandes sindicatos encarregados de garantir a “paz social”, en troco de suculentas prebendas. Mais o descrédito vai-se acrescentando ao tempo que medra a radicalidade nos múltiplos conflitos e luitas a se espalharem pola Galiza, deixando a cada vez com mais clareza o afastamento da caste institucional, política e sindical do Regime, da realidade e vontade das classes populares.

Um dado muito significativo é o resultado do PP nas eleiçons autonómicas na Galiza, obtendo a maioria absoluta sem o aval do 75% da populaçom galega, na qual o 45% optamos por nom votar. O aumento da repressom é também um fator a termos en conta, já que malia as petiçons de cadeia ou sançons económicas realmente sangrantes, os atos de desobediência civil acontecem dia após dia atingindo mesmo significativas vitórias.

A carência dum referente político claro na Galiza, com a força de tirar pra frente em todas as luitas operárias e populares, contribue à fragmentaçom e à espontaneidade da maioria dos protestos, conseguir conjugá-los numha estratégia realmente decidida a mudar esse estado de cousas, é um dos nossos maiores reptos como povo trabalhador galego.

Entrementres, o desemprego, a precariedade e a emigraçom, continuam a ser a sangrante realidade destes dias, e que nalgúm momento tem de estoupar, nom sabemos por onde vai prender a mecha nem quando há ser, mas a classe trabalhadora está farta e começa perder o medo.

L. No tempo que estuveches sequestrado nas cadeias espanholas, qual era o trato dos carcereiros, a relaçom com os companheiros doutras naçons, e mesmo a relaçom com os presos sociais…

M. Pois do trato dos carcereiros apenas podo cuspir nojo, um nojo que vai além da sua atitude prepotente, borrega e repressora, que atinge até a impunidade com que abusam do poder dum uniforme com o que povocam e repartem pancadas à populaçom reclusa, humilham, agredem e torturam, fazendo registos de jeito arbitrário com arrogância e despreço, deixando as celas desfeitas após registá-las, respondendo a cada direito ou denúncia com um “nom procede”, que apenas podes recorrer num julgado de vigilância penitenciar que quase sempre te ignora, ou quer desestima. Mas também é possível encontrar algúm carcereiro bom, mais qualquer deles que semelhe possuir algo de qualidade humana,nom deixa de ser cúmplice da injustiça, do abuso e da tortura.

Quanto a relaçom com os presos doutras naçons, mesmo com os presos políticos bascos e mais algúm do grapo com quem também tivem o prazer de conviver, apenas podo falar com gratitude, dos seus valores de companheirismo, inteireza e compromisso, do bom humor, paciência e cordura, da mao e sorriso que te ergue nos momentos de maior amargura e fraqueza, da qualidades, quer humanas quer revolucionárias, com as que malia a dramática e degradante realidade da cadeia, pudem viver experiências realmente muito enriquecedoras, construtivas e fermosas, sendo umha honra adquirir e assumir a minha condiçom de preso político galego junto e eles.

A Hodei, Israel, Josetxu, Gabi, Sebas, Manu, e a todos os Gudaris com os que convivim e da minha admiraçom, respeito e carinho, quero dar o meu agradecimento. Assim como meus desejos e luita polo cessamento da excepcionalidade penitenciar, polo cessamento da ilegítima doutrina parot e para que volvam pronto à casa.

Na relaçom com o resto de reclusos nom é possível geralizar, pois suporia um erro muito injusto, as condiçons pessoais e sociais que levarom a muitos e muitas à cadeia som próprias dum sistema degradante e contraditório, que nom tem interesse em reabilitar, senom de encerrar a quem molesta, para drogá-las, e degradá-las durante anos através dum regime carcerário imposto e com a que fazê-la sentir como umha merda.

Com certeza, muitas pessoas acabam insertas nas redes do lumpem, alienaçom, delaçons que o regime fomenta, mas também podes encontrar companheirismo, dignidade, unidade e complicidade contra o regime e seus lacaios.

Enfim…, o único maltratador e terroristas com os que convivim durante todo esse tempo, levavam uniforme.

L. Ao saires e regressar a Galiza, a tua pátria ¿Como é o recibimento da gente, sentes a calor e a solidariedade do povo trabalhador galego?

M. Após um recebimento muito emotivo que organizou o CSAMT (Comité de solidariedade e apoio a Miguel e Telmo) ao que assistirom junto ao povo trabalhador diversas correntes políticas, a calor recebido foi-se espalhando pola gente de meu bairro, amizades, e antigos companheiros e companheiras de trabalho, enchendo todo de ledícia, no alívio de volver a minha terra.

Mais Telmo continua preso, do mesmo jeito que 8 combatentes do nosso povo, durante minha estância no cárcere e libertade provisória, as detençons, sançons económicas, as montagens policiais, e as tam elevadas como surrealistas petiçons de cárcere com as que está a ser atacada a nossa gente mais comprometida e entregada, nom permite saborear demasiado o carinho com que fum recebido.

Ser consciente da agobiante, crua e injusta situaçom que estám a padecer hoje em dia nossa presa e presos políticos,junto seus familiares e amizades, fai-me sentir a necessidade e dever, de implicar-me ativamente na solidariedade e na luita por libertar a todas e todos os nossos Bons e Generosos que continuam sequestrados e dispersados polo Estado Espanhol.

L. Prontamente vai ser celebrado o juízo contra ti e contra o Telmo, e pedem-vos umha elevada condena de cadeia ¿Que perspectivas tedes, como propondes a defensa? Além disto tedes pensado dinamizar a solidariedade perante o vosso caso.

M. O enfrentarmo-nos com um juiço assinaladamente político, onde a instruçom da nossa causa está inçada de negligências por parte do aparelho policial e judicial, nossas perspectivas som bastante difusas. Somos bem conscientes da envergadura mediática que foi devagar adquirindo todo o processo. A procura desesperada duns cabeças de turco com que infundir medo na nossa classe, tivo como consequência um precipitado montagem policial cheio de lagoas e provas prefabricadas, que junto as mentiras e calunias dos mass-média que lhes servem, nem por um momento forom quem de se perceberem da nossa inocência.

Quer o ministério de Interior, quer o de Justiça, teriam de justificar nom só a vulneraçom da presunçom de inocência, senom toda a política de excepcionalidade que empregarom contra nós, lei antiterrorista, regime FIES3, dispersom…, num juiço que se celebrará em Vigo, em lugar de na Audiência nacional. Som conscientes de todas as negligências policiais e jurídicas com as que vulnerarom e atacarom a dous trabalhadores do naval, polo que vam tentar empregar toda a arbitrariedade e artimanhas possíveis com o alvo de dificultarem a nossa defensa e nos condenar exemplarmente.

Exemplos disto som, a nova retençom, restriçom e intervençom das comunicaçons de Telmo com o exterior a poucos dias do juiço, que foi deslocado até Galiza 5 dias naturais anteriores ao processo, depois de chantageá-lo com que se renunciava ao nosso atual avogado em troco de outro de ofício, traeriam-no a Galiza de jeito imediato. Sabem e sabemos, que ningum/ha profissional da avogacia que tente fazer eficientemente o seu trabalho, colheria um caso com 7000 fólios de sumário umha semana antes do juiço, ao que Telmo, que de parvo nom tem nada, negou-se.

Apesar de chegar esta quarta-feira à prisom de A Lama, ficando cinco dias naturais para o juiço, a nossa defensa realizará umha proposta de forma séria, técnica e rigorosa, mass contra um regime que arbitrariamente processa e condena com total impunidade, polo que a nossa melhor defensa há ser a presença do nosso povo trabalhador, junto a vários observadores que fagam pressom e obriguem a cumprir os nossos direitos e garantias judiciais. E sim, também achamos preciso continuarmos a socializar esta injustiça, fazendo um apelo à solidariedade ativa do conjunto do povo trabalhador. Agradecendo e colaborando com diversos coletivos como o Csamt, Ceivar, Que voltem a casa, e diferentes organizaçons e plataformas da nossa terra já que, quer Telmo coma eu próprio, e demáis presos e presas políticas, continuamos a luitar de jeito ativo, constante e sacrificadamente com o alvo de atingir a nossa liberdade.

L. E já para finalizar ¿Qual é a mensagem que desejas expressar ao provo galego nestes dias de crise, de abusos do capital e também de luita?

M. Quando repressom do Estado cai desproporcionadamente sobre a nossa classe, apenas demonstra que nos teme, que somos quem de atingirmos a vitória. Se está armado e disposto a combater, nom deve ser razom para volver atrás nem a nos amedrontar, ainda que o intentem, no entanto, devemos seguir pra frente com maior organizaçom ao tempo que construimos umha extensa e potente solidariedade com a que fazer frente a sua vaga repressiva. A luita é o único caminho, e só organizándoa e radicalizándoa poderemos caminhar pra frente e atingirmos vitórias.

Viva Galiza Ceive Viva Galiza Socialista Resistir e vencer. Muito obrigado a la haine, e a todos e todas polo vosso tempo.

Muito obrigad@s, de La Haine-Galiza transmitir-che a calor e ânimos que sem dúvida mereces