A juizo por defender os direitos das pessoas migrantes

Laura BugalhoPaz Romai (Fotografia: Marisol Ramírez)// A militante galega Laura Bugalho, conhecida pelo seu envolvimento nas mais diversas iniciativas populares -da luta LGBTQ ao sindicalismo, passando pola ação política ou o auxílio as pessoas presas-, enfrenta uma pena de prisão ainda indeterminada por causa do seu apoio às pessoas migrantes, muitas das quais estavam a viver em condições infra-humanas. A ativista é acusada de um delito de falsificação documental continuada e sera julgada o 16 de janeiro no julgado de instrucçom número 1 de Compostela junto a oito pessoas mais.

Polícias, máfias e assaltos na sua morada
Laura Bugalho leva desde 1993 realizando tarefas de assistência às pessoas migrantes. Só no ano 2008, o Foro Galego de Imigración calcula que a militante acompanhou 620 pessoas migrantes ante o Negociado de Extrangería da Subdelegaçom do Governo de Corunha. Desse contingente, Laura Bugalho foi denunciada por quatro migrantes, dos quais três se ratificarom finalmente nas suas palavras. Estas pessoas denunciarom a Bugalho por facilitar-lhes documentação falsa que, segundo os próprios migrantes, eles empregariam.
Em Novembro de 2008, Bugalho denuncia uma máfia de roubo e extorsão a 57 marroquinas. No entanto, em 21 de março de 2009, no curso de uma ação das Panteras Rosa Galiza em Compostela, Bugalho é identificada e perseguida.
É desde esse momento que se começa a fazer cada vez mais persistente o acosso policial à ativista, até o ponto de que a sua morada é assaltada em 19 de maio de 2009. Laura denuncia este facto à Policia nacional, a qual demora umas duas horas em chegar à sua casa, o pretexto para a tardanza foi ter-se perdido.
Em 20 de maio de 2009, Laura Bugalho realiza um telefonema ao presidente de uma equipa de futebol galego para exigir-lhe a regularizaçom dos jogadores migrantes e o pagamento de três meses de salário adeudados pelo clube. O empresário assegura que o vai fazer, mas a ativista combina com suspeitas da sua voz ter sido gravada, pois o telefone soava com um importante eco.
No dia 21 de maio de 2009, Bugalho é avisada por polícias nacionais de que a Polícia Nacional de Compostela esta seguindo os seus passos por ter denunciado uma máfia vinculada à venda de cartões de residência e a outra máfia vinculada ao desporto.
A militante informa-lhes do assalto à sua casa, e eles não desmentem as suspeitas da autoria que ela lhes translada, ficando quase confirmada a autoria policial. Os Polícias de Corunha informam-lhe que vão a por ela.
Nem em uma semana depois, em 26 de maio, o seu escritório no sindicato em que trabalha, a CIG, é assaltado por polícias de Compostela que sequestram o seu computador. Laura é detida durante 48 horas, sofrendo maus tratos nos calabozo da Policia Nacional. O Comissário Chefe dirige-se a ela com um “por fim te apanhei, Laura”. Os polícias burlán-se da língua galega e repetem constantemente a palavra “Teixeiro” (nome de Centro Penitenciário da provincia da Corunha).

Irregularidades e maus tratos
Quando Laura Bugalho passa ao dispor judicial, três pessoas migrantes acudem como testemunhas. No entanto, estas pessoas entram esposadas nas dependências judiciais, embora a sua atitude seja de camaradería com os polícias. Um dos polícias indicava-lhes às testemunhas “recordem o que ontem lembramos, têm que denunciar a Laura Bugalho”. Esta cita conhece-se graças à presença na Sala de Companheiros/as de Laura que se surprendem tanto da camaradería como do desparpajo do Polícia indicando o que as testemunhas devem dizer ante o Juiz “devéis dicer que foi Laura Bugalho”.
Do computador da militante foram extraídos os dados de 15 pessoas migrantes, que foram citadas sem ordem judicial e ameaçadas com ficar sem papéis ou receber ordens de expulssão. A três das oito que assistirom, não lhes foi permitido ler o seu próprio depoimento obrigarom-lhes a  assina-lo.

“Operação Peregrino”
No caso da Operação Peregrino, na qual foi imputado El Omari Messaoud um membro de CITE-CCOO-, há 57 pessoas migrantes originárias de Marrocos que forom defraudadas e que recorrerom a Laura Bugalho. Estas pessoas pagaram a quantidade de 10.000 euros -muitas vezes resultado das suas famílias seja hipotecadas- pelo visto primeiramente no Estado espanhol. Depois, acostumavam ser abandonadas mínimo em um mês em Andaluzia, até que eram reclamadas para trabalhar no setor metalúrgico galego, acabando por cobrar 500 euros de salário, quando o Convénio do Metal estabelece um mínimo de 1100 euros netos, valor que aparecia refletido nas suas nóminas e que eles teriam que assinar para que nao fosem, por palavras dos afetados, “castigados”.

Em muitos casos, as condições em que estas pessoas viviam eram verdadeiramente desumanas, chegando a passar as noites junto as vacas na granja do empresário.
Na Operação Peregrino, há quatro empresários galegos e três pessoas marroquinas imputadas, uma delas em paradoiro desconhecido.

Esta quarta-feira 16 de janeiro às nove da manhá  há convocada umha concentraçom em solidariedade com as nove pessoas que seram julgadas nos julgados de Fontinhas.