Carta desde Vilhabona

koala_webColamos a continuaçom a carta do preso independentista Hector José Naya Gil “Koala”, publicada no GalizaLivre, desde a prisom de Villabona, em Asturies a 312 Km da sua terra.

4-11-12 Villabona

Leva tempo assimilar que se está preso, que careces de liberdade, que nada do que fagas aquí dentro depende de ti, e estás a total disposiçom da vontade de estranhos que nem te querem, nem te comprendem.

É unha sensaçom de indefensom e vulnerabilidade que asulaga a mente. Inda por riba tes que compartir o pouco espacio vital que tes com gente a que lhe importa um caralho esse espacio e só miram polo seu. Madialeva, eles estam pior ca mim nom só atrapados nas gadoupas do estado, se nom também atrapados nas redes de drogas e derivados, moitas vezes alimentados pola gente que se supom debe cuidar de que isto nom suceda aqui dentro. Outras vezes as próprias famílias som as que alentam esta situaçom. Seja coma seja eu estou fora de lugar. Escuitas conversas sobre pelejas e punhaladas “por um cigarro”, sobre drogas, pastilhas… Lamentos porque matarom a um e nom a tres, por roubar umha tenda ou umha farmácia, em vez de um banco. E eu que fago aqui? nom tenho nada que ver com esta gente, nem com o seu conceito egoísta de vida, e por suposto, eles nom tenhen nada que ver comigo, com as minhas ideias, com os meus pensamentos, com os meus sonhos que imaginam um mundo melhor, que som solidários e nom marginais conceitos de subsistência individual.

“Estás aquí por ser un terrorista y el terrorismo es política” dizia a trabalhadora social de Madrid V. Se estam tam seguros do que eu sou, de que é a política o que guia os meus atos, porquê se me nega a condiçom de preso político? Porque se me obriga a viver com esta gente? Tam “malo” sou eu para merecer esta companha?. Sem embargo se me trata distinto que a eles, desde o primeiro momento as regras da “justiça” nom som as mesmas para mim ou para os meus companheiros que para esta gente que mata ou rouba sem sentido. E já nem que falar das regras que se lhe aplicam a gente que ostenta poder neste “país”.

Desde a minha fiestra podo ver entre os barrotes as árvores de fora, um bosque de pinheiros e eucaliptos. Eles som ceives de estes muros, só as raízes os atam a terra na que nascerom. Quem me dera ter as mesmas raízes que eles, que quem se atrevesse a tentar afastar-me da minha terra, treme-se com a minha caída, ruidosa e forte, e mentres nom o tentassem, citar firme os embates do inimigo. Si, sou como unha árvore derribada, mais a minha caída nom é em vao, e no choque contra o cham a represom, as sementes forom espalhadas, e só hai que agardar a que madurem.

A estas alturas já nom sei se sou um preso político, unha árvore, unha árvore política, ou umha lampreia. Este lugar está desenhado para anular a consciência individual e someter-te a ser o que eles queiram que sejas. Mais tenho assumido que a luita debe continuar, já por mim mesmo, sei que fora conto com muita gente, mais aqui dentro estou só. E a luita é conservar a minha identidade, como patriota, como galego e coma pessoa. Leva-na clara se pensam que me vou someter.Ainda assim as cousas estam claras, nom estou aqui por ser um criminal, eles sabem-no, ti sabê-lo e eu sei-no. Pero querem que me sinta coma se o fosse, que seja outro gram no milho do seu poderoso moinho, e trata-se me distinto para que pense assi, para que mire com inveja a gente que recibe “bom trato” porque som simples delinquentes. Mais já está todo dito, nem sou um delinquente nem sou simples.

Que os cans do império o assumam, eu nom estou vencido, só estou cabreado.

KOALA.