SEGUNDA VISITA À CADEIA

Tarbell.nodoBoas tardes, amigos e amigas:

Ontem, domingo 18, quinze dias justos depois de que o prenderam, pudemos ver a Antom. Respiramos, a sua mai e o seu pai. Ao seu irmao nom lhe permitírom entrar.

À parte da chamada de 45 segundos que pudo fazer à casa no 8 de dezembro, o único contato que o preso tivo com o exterior foi pola denúncia que entregamos há umha semana (segunda-feira 11 de dezembro) no Julgado de Guarda de Compostela. Como tinham que apresentar-lha para cumprir requisitos legais, Antom pudo saber que no dia 10 nos apresentaramos alô, mas que nom nos permitírom nem vê-lo, nem falar com ele.

Na cadeia, como adoitam, antes de nos levar à zona de “comunicaciones”, pecham-nos numha sala, à gente que passamos do exterior. Metem-te ali dentro, depois do cacheio, sem nada enriba à parte da tua roupa. Quedam-se os funcionários com o teu documento legal de identidade. Quando está completo o fato de visitantes identificados, a porta pecha-se lentamente, com o ruído extado que deve fazer a porta dumha prisom.

Descobres, nos vinte minutos que te fam aguardar, que é um espelho, esse lateral que parece umha fiestra grande. Supos que, detrás dele, podem estar observando-nos. Vés o pátio, e nom podiam falar os rolos de arámio de espinho nas beiras. Ali sobrevive, mui mal, umha oliveira. Pensas que a essa árvore deve-lhe ser mui duro suportar as condiçons climáticas daquele ermo dos arredores de Aranjuez onde erigírom o Centro Penitenciário Madrid VI. Cadeiras incómodas. Muito frio. Umha nena de menos de ano e médio, no colo da sua mai, com o pai dentro da prisom, que já sabe dizer nena guapa mamá papá e sinala sem se equivocar todas as partes do seu corpinho, se lhas nomeias no protocolo adequado.

Noutra parede, as láminas, as reproduçons de quadros que nos fam estarrecer, a mim e à minha companheira, com a color comida polo ambiente. A que está mais cerca é umha reproduçom de Three Sisters, de Edmund Charles Tarbell (podedes vê-la no adjunto a este correio). Três moças em aprazível impressionista conversa burguesa, a calma dum entorno ameno, verdes e flores. Pouco que ver com a espera no locutório (deixara-no vir hoje?), com os aparelhos que ressoam, que regem com ruídos desagradáveis, pouco que ver com o vidro que se interpom entre nós e Antom, quando, por fim chega.

Nom por isso foi menos intensa a nossa primeira conversa. Ele está bem. Organizado, com desporto e leituras e debujando banda desenhada, e nom dou mais detalhes porque sei o pouco que lhe gosta a Antom que se fale dele.

Manda apertas para todos e todas as suas amigas (algum, algumha temos em comum), para quem está a apoiar este escuro caso de mil maneiras, e prepara-se com serenidade para a carreira de fundo na Audiência Nacional.

Ele é atleta. Dixera-me que este ano ia preparar umha Marathon. Daquela, nengum dos dous sabiamos que a carreira ia ter estas caraterísticas.

Apertas, minhas também, e mil graças.

Saúde,

Xosé Luís Santos Cabanas.

P.S. A Maria Osório vírom-na seus pais sábado. A ela já lhe levárom o documento (exorto) para nomear advogados. A Antom ainda nom lhe chegou, mas está em trámite. Esta lentitude produze-se por como está atuando a Audiência Nacional. Está claro que, entre as preocupaçons deste tribunal, nom estám os direitos mais elementais dos cidadaos. Apesar deles, apesar da Audiência digo, parece que as cousas vam avançando.