AMI boicota conferência do Fiscal Chefe da Audiência Nacional espanhola

ami_zaragoza.previewReproduzimos umha nova aparecida no galizalivre.org, do boicote feito onte (15/03/2011) pola mocidade organizada na AMI contra a presenza do fiscal chefe do tribunal de excepçom espanhol.

Um grupo de jovens da AMI boicotou ontem a palestra de Javier Zaragoza, fiscal chefe do tribunal de excepçom espanhol conhecido polas suas ameaças ao independentismo galego nos últimos meses, quando afirmara que “poderia-se aplicar a mesma doutrina que utilizamos respeito do entorno de ETA”, o que poderia acarretar “consequências penais para os mesmos, como a disoluçom, suspensom de actividades, clausura de locais, etcétera”.

A palestra celebrada ontem às 20 horas na Faculdade de Direito da USC em Compostela, enquadrava-se nas Iª Jornadas Compostelás de Temas Atuais de Direito Processual e Direito Penal. Sob umha faixa com a legenda “Stop Audiência Nacional, nom aos tribunais de excepçom! Avante a defesa da Terra”, e portando fotografias dos cinco presos independentistas galegos, um grupo de militantes da AMI boicotou desde fora a palestra, com as palavras de ordem de “Audiência Nacional, tribunal fascista”, “Zaragoza fascista, fora da Galiza” e “Santi, José, Miguel, Telmo, Ugio, liberdade”.

O protesto transcorreu sob umha forte presença policial: vários escoltas e carros patrulha, agentes de segurança privada, e duas carrinhas às portas da faculdade; e perante a surpresa de militantes da UPG que colaboravam na organizaçom. Porém a imprensa empresarial optou hoje por silenciar o protesto. Da AMI apontam que “o Estado espanhol enche a boca a denunciar a ausência de democracia no mundo árabe enquanto existe a Audiência Nacional, reprimem a oposiçom consequente, e ilegalizam as ideias”.

Javier Zaragoza, um homem de Estado

O Fiscal Chefe do tribunal de excepçom espanhol nasceu em Alcorisa (Teruel) no 20 de novembro de 1955. Javier Zaragoza Aguado licenciou-se em direito em 1977. No 81 ingressa no corpo de fiscais do distrito, e desempenha as funçons de fiscal do mesmo na agrupaçom Azpeitia-Zarauz-Tolosa-Villafranca de Ordizia até o 1982. Desde esse ano ate 1987 é o tenente fiscal da Audiencia Provincial de Donosti. Antes de ser designado no 88 tenente fiscal da Fiscalia Especial Antidroga foi fiscal na Audiência Territorial de Madrid. No 88 chegou a Galiza na luita contra o narcotráfico, onde conhece ao jornalista Julio Á. Fariñas e leva a cabo a “operaçom Nécora”. Nessa época o narco Pablo Vioque planeia assassina-lo sem consegui-lo. Actualmente é, além de fiscal na Audiência Nacional, membro da Uniom Progressista de Fiscais.

No curriculum de Zaragoza encontramos toda caste de méritos dum ‘patriota espanhol’: no 2008 luitou com êxito para que se lhe reabrisse o caso ao filosofo basco Nicola Lococo, enjuizado na Audiência Nacional por escrever o artigo de humor “Las tribulaciones del Oso Yogui”, onde narrava umha caçaria ilegal na que participou o rei de Espanha, e Zaragoza pretendia fazer passar por “injurias”. O seu duvidoso sentido do humor ja provinha do 2007, quando chamou a declarar dous humoristas gráficos do periódico Deia, Josetxu Rodriguez e Javier Ripa, por umha fotocomposiçom humorística, sob acussaçom de injurias ao rei.

Com o assunto da investigaçom judicial dos crimes do franquismo voltou ao centro da opiniom publica polo seu enfrentamento com Garzon. Zaragora recorreu, fazendo-se eco de denúncias de organizaçons como a Falange, a decissom de Garzon de investigar os crimes do franquismo. Alias, Zaragoza conseguiu paralisar a exumaçom de todas as fossas comuns da Guerra Civil, incluida aquela na que supostamente estava Lorca. A razom é que estas exumaçons poderiam causar “a terceiros prejuízos irreversíveis de difícil reparaçom”. O presidente da Associaçom para a Recuperaçom da Memoria Historica, Emilio Silva, qualificou a actividade de Javier Zaragoza de “inquisitorial e prejudicial para as famílias”, engadindo que lhe resultava decepcionante “viver num país onde os principais órgaos de justiça trabalhárom para impedir um juízo aos perpetradores de gravíssimas violaçons de direitos humanos”.

Zaragoza foi no 2003, junto com Garzon, responsável pola importaçom a Colômbia da tortura para combater a insurgência. “No seu conjunto, esse projecto é perfeitamente de umha perspectiva constitucional num Estado democrático. Em Espanha vamos mais longe”, dizia Zaragoza em Bogotá ao tempo que recomendava a criaçom no país americano da figura da “incomunicaçom”, já que “para nós [Audiência Nacional espanhola] é básica a incomunicaçom nos primeiros dias de reclusom. Pouco parece importar-lhe que a ONU leva anos a insistir em que tal metodo e umha forma legal de amparar a tortura. A semana passada, precisamente, o Executivo espanhol atacou Martin Scheinin, Relator de Direitos Humanos da ONU, por recomendar a supressom da Audiência Nacional e o regime de incomunicaçom.