“A razom nom se disolve nem com 200.000 antidistúrbios”, afirma José Quintela, crego do Canedo que denuncia a violência policial

O passo dos dias dá jos_content chaves interpretativas dos factos ocorridos no Canedo na passada terça-feira, quando dezenas de indivíduos armados pertencentes à ‘Guardia Civil’ espanhola agrediam os homes e mulheres do Canedo e Sam Vicente (Ponte Areias) por se oporem colectivamente a umha ilegalidade urbanística. As declaraçons do crego do Canedo, José Quintela Árias, configuram um dos últimos episódios de denúncia social da violência policial que nestes dias agre simultaneamente no Condado, Vigo e Cangas do Morraço. O diário espanholista ‘Faro de Vigo’ publica na sua ediçom de hoje umha entrevista ao frade do Canedo. Quintela encontra-se entre os vizinhos agredidos no passado dia 16. Explica que, antes do início da violência policial, “os vizinhos intentárom-se arroupar uns a outros e colhérom-se das maos fazendo umha pina”. Assegura, aliás, que os ‘guardias civiles’ “dérom-me um impresionante jeonlhaço à altura do esternom e caim inconsciente”. Denuncia também que “golpeárom muita gente”. Reproduzimos a seguir a entrevista que publica o citado diário. “Nom quer protagonismo qualquer, menos por ser frade. Aos seus 51 anos passou por momentos muito difíceis como umha operaçom de cancro e um tratamento de quimioterapia. Nom duvida em dizer que foi um momento muito lindo quando os vizinhos se intentárom arroupar uns a otros e se colhérom das maos fazendo umha pina. Foi entom quando os antidistúrbios o separárom e o golpeárom, enquanto umha senhora gritava “Deixade o frade!”, “Acudide-o que o matam!”. – Lembra-se do ocorrido? – Só me lembro que eu estava com os viziinhos, agarrado, e intentárom apartar-me do grupo. Os vizinhos colhérom-me, entom dérom-me um impresionante jeonlhaço à altura do esternom e caim inconsciente. A gente veu apoiar-me porque estavam dando-me com as porras, mirei-no depois em vídeos gravados com telemóveis… Quando acordei estavam os vizinhos à beira e chegou umha ambuláncia. Nom fum só eu quem levou os paus, golpeárom muita gente. O frade nom é protagonista de nada… É mais um, para o bom e para o mau. – Por que se meteu neste protesto? – Porque estám os demais vizinhos. Estám as demais famílias da parróquia, a gente que vivemos ali… O nosso mosteiro está no Canedo, nós somos mais umha família da zona. Por isso estamos. – Esperava a cárrega dos antidistúrbios? – Nom. Crim que nos obrigariam marchar mas de outras maneiras. A verdade é que fazia muito pouco que estavamos, tam só passamos a noite. Nem umha semana, nem um dia, só umha noite. – Acha vostede que levam razom? – Estou convencido, mas se nom o estiver acodiria com os vizinhos igual porque estamos todos unidos… Mas, é que aliás levamos razom, e a razom nom se disolve nem com 200.000 antidistúrbios. A razón há que razoná-la e como nom o lográrom enviárom as forças da ordem pública em plano agressivo. – Acode a todas as manifestaçons? – Nós vamos como outros vizinhos sempre que nos convocam. Primeiro, porque estamos dacordo com as reivindicaçons, e depois porque somos vizinhos. – Está seguro de que levam a razom? [por segunda vez] – Estou convencido porque temos documentaçom e depois do que se passou e do que estám a fazer para acelerar as obras estamos ainda mais convencidos. Desde que nos empezamos mover para que se cumprisse a legalidade passárom de estar só três operários na obra à situaçom actual, com quinze obreiros, porque querem rematar aginha o aterramento do regueiro, que se fai sem permisso da Confederaçom Hidrográfica, para depois executar a política de factos consumados. Era o que intentavamos evitar quando carregárom contra nós e vamos seguir. – Quer dizer algo aos vizinhos? – Simplesmente que estamos muito orgulhosos da gente que há no Canedo e Sam Vicente. Estamos mais unidos que nunca e todo o mundo está disposto a luitar polos seus direitos, polo nosso regueiro, pola ecologia e diria polo bem do povo de Ponte Areias”.