Carlos Callón pede detençons e juízos contra activistas em defesa do galego que usam pintura laranja como sinal de denúncia

“O parvo, se é calado, passa por bem assisado” (Provérbio popular) A manifestaçom em defesa da língua que neste domingo reuniu em Compostela entre 40.000 e 50.000 pessoas tivo, como mais umha expressom da luita colectiva, a ‘marcagem’ com pintura laranja de estabelecimentos bancários e comerciais que vetam o galego, apoiam a estratégia de substituiçom ou vulneram os direitos lingüísticos dos trabalhadores e trabalhadoras através da violência surda e quotidiana que tem como cerne a ameaça do desemprego. Contodo, mais umha vez, reiterando práticas habituais do nacionalismo hegemónico, o presidente da MNL, Carlos Callón, em vez de denunciar a existência da Lua preferiu acusar os que a assinalavam com o dedo. As declaraçons de Callón produzem-se num contexto em que dezenas de pessoas som imputadas em processos judiciais e administrativos pola sua participaçom na luita em defesa da língua e, em casos, com juízos penais que podem derivar em ingressos em prisom. No entanto, demonstrando umha absoluta falta de ‘sensibilidade democrática’, o presidente da MNL entregou onte ao ultradireitista ‘El Correo Gallego’ umhas declaraçons em que, após manifestar “o nosso total rechaço” à política da cor laranja, vai um passo para além e afirma que “esperamos que a lei actue contra os que realizam este tipo de actos vandálicos”. Callón nom quer ficar curto ou deixar dúvidas. Assim que reivindica aliás que essa actuaçom se pratique “com toda contundência”. Sobram comentários. Vocaçom de confidente? “Se soubéssemos isso, seriamos os primeiros em apresentar denúncia ante o Julgado”, assegura o presidente da MNL aos leitores e leitoras de ECG. Finalmente, Callón nom se conforma com condenar, pedir a intervençom da Justiça e a Polícia espanholas, solicitar que tal intervençom seja “contundente” e apresentar-se publicamente como confidente policial em potência, senom que interpretando livremente a vontade de milhares de sócios e sócias da MNL declara que “somos os primeiros (…) em pedir a actuaçom da legislaçom e das forças da ordem” (sic). De novo, sobram comentários. Apontar apenas duas questons ante esta cumplicidade impúdica do presidente da MNL com a repressom policial, judicial e administrativa: 1ª Que a “contundência” que solicita já se produz de facto: 24 cidadáns e cidadás galegas que neste momento estám imersos em processos penais, 32 expedientes administrativos abertos polas ‘Subdelegación del Gobierno de España’ em distintas comarcas que totalizam sançons por valor de 27.000€, dezenas de contusionad@s polas “forças da ordem”, vários ingressos hospitalários de diversa gravidade e umha intensiva satanizaçom mediática. Contodo, a partir destas declaraçons, já podemos compreender qual era a causa do silêncio dos porta-vozes oficiais da MNL ante a evidência da repressom dessatada contra sectores do movimento normalizador de base. 2ª Umha crítica: está absolutamente fora de lugar essa beligeráncia que Callón reserva para os que define como “actos vandálicos” quando assistimos a diário a umha violência sistemática e estrutural sobre os direitos lingüísticos de milhares de pessoas em centros de trabalho, educativos, etc. que nem sequer tivo a mais morna das “condenas”. De novo, de pano de fundo das declaraçons está a afecçom psicossocial que alcança importantes sectores da base social nacionalista, consistente em necessitar demonstrar adesom à ordem para evitar ser objecto das suas iras e refugar umha elementar mas fundamental ideia: que a violência por excelência é a estrutural, quotidiana, normalizada e comummente assumida com a que convivemos a diário. Mágoa que o presidente da MNL, que em Julho de 2006 sufrira em própria carne a violência, a discriminaçom e a arbitrariedade policial em Compostela, ainda nom tenha refletido a sério sobre estas questons. Pola nossa parte, jamais cansaremos de denunciar e censurar, “com absoluta contundência”, este tipo de atitudes de colaboracionismo com a repressom que empanham qualquer luita social e em nada beneficiam o avanço do movimento normalizador.