Eurodeputado português afirma que a UE procura “o branqueamento e reabilitaçom do fascismo”

Vozes nom faltam que nestes tempos alertem da deriva repressiva que se impom progressivamente na UE, da evoluiçom desta para a criaçom dumha fortaleza, à vez que macroestado policial, e da perseguiçom das ideias e projectos sócio-políticos alternativos. Tampouco evidências empíricas que confirmem a veracidade dessas afirmaçons. Nesta linha, o eurodeputado português Pedro Guerreiro (PCP) denunciava na semana passada no jornal Avante! a tentativa das forças mais obscurantistas da UE para “criminalizar os comunistas, a sua acçom, o seu programa e os seus ideais”. Segundo Guerreiro, essa estratégia em preparaçom visaria “a ignóbil 62raçom entre fascismo e o comunismo” a partir da falsificaçom e revisom da História europeia e internacional do século XX. O eurodeputado, que risca o fascismo de “forma ditatorial capitalista de organizaçom do Estado”, advirte que quem promoveriam esta estratégia “tudo fam – explorando, reprimindo, silenciando, manipulando, deturpando, dividindo, mentindo, desorientando, traindo… – para que os mais consequentes vacilem e para que um cada vez maior número de trabalhadores nom passe de tácticas individuais de sobrevivência de curto prazo para estratégias de luta colectivas e organizadas, ou seja, de classe”. Publicamos na íntegra a continuaçom este artigo a que nos referimos SABER AONDE VAMOS… Pedro Guerreiro, eurodeputado português polo PCP Procurando recuperar da derrota parcial sofrida na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em 2006, eis que as forças mais retrógradas e obscurantistas na União Europeia se movimentam de novo tendo como intento criminalizar os comunistas, a sua acção, o seu programa e os seus ideais. Assim deve ser entendido o objectivo de fundo que se dissimula na audição sobre «os crimes cometidos por regimes totalitários», recentemente realizada pela Comissão Europeia e pela presidência eslovena, e no debate que se lhe seguiu no Parlamento Europeu. Tais iniciativas inserem-se na discussão, prevista para 2009, sobre a «necessidade ou não da criação de um instrumento jurídico adicional» à «Decisão-quadro relativa à luta contra o racismo e a xenofobia», visando, desta feita, a ignóbil 62ração entre o fascismo e o comunismo. Se dúvidas houvesse quanto a tais inaceitáveis intenções, bastaria a leitura das intervenções proferidas nestas iniciativas para clarificar os reais objectivos desta nova operação anticomunista em preparação ao nível da UE. O que está em causa? A partir da falsificação e da revisão da história europeia e mundial do século XX, pretende-se, a par do branqueamento e da reabilitação do fascismo – como forma ditatorial capitalista de organização do Estado -, condenar as experiências de construção do socialismo no Leste da Europa, apagando o seu conteúdo progressista e contribuição ímpar para a libertação dos povos barbárie nazi-fascista e para o progresso da sociedade humana. No fundo, pretende-se escamotear o papel central e decisivo dos comunistas na conquista dos enormes avanços civilizacionais da humanidade que marcaram as décadas de construção da sociedade socialista, particularmente na União Soviética, libertando a sociedade da exploração do homem pelo homem, emancipando os povos, promovendo o progresso político, económico, social e cultural. A recente evolução na situação internacional aí está a comprová-lo… Efectivamente, o que está em causa é a tentativa de perpetuação do capitalismo, nomeadamente dando combate ao único e real projecto de sociedade e programa alternativo que se lhe opõe, o socialismo e o comunismo. Construtores da esperança… No momento em que se agudizam as contradições e a crise do capitalismo ao nível mundial, o que pretendem as forças retrógradas e obscurantistas na UE é, também no campo da luta das ideias, promover a descrença na possibilidade da conquista e construção de uma sociedade justa, sem exploradores nem explorados. O seu objectivo é tentar apagar da memória e da consciência dos povos os caminhos que puseram, põem e porão em causa o brutal, violento, opressor, alienante e desumano sistema de relações sociais que é o capitalismo. Por isso, tudo fazem – explorando, reprimindo, silenciando, manipulando, deturpando, dividindo, mentindo, desorientando, traindo… – para que os mais consequentes vacilem e para que um cada vez maior número de trabalhadores não passe de tácticas individuais de sobrevivência de curto prazo para estratégias de luta colectivas e organizadas, ou seja, de classe. Apesar dos seus esforços, hoje, tal como no passado, os comunistas em Portugal não deixarão de confiar no melhor que há nos Homens, na coragem, generosidade, entrega, na sua vontade de compreender e transformar o mundo. E, sabendo porque e aonde vão, continuarão a ser portadores e protagonistas, a par de outros democratas e progressistas, de um projecto de desenvolvimento e de justiça para Portugal, de paz e amizade para com todos os povos do mundo – o projecto soberano de democracia política, económica, social e cultural que irrompeu com a revolução de Abril, abrindo caminho para uma sociedade socialista e a construção de um mundo mais livre, mais justo e mais fraterno. Este artigo foi publicado no Avante número 1.797 de 8 de Maio de 2008