Publicamos as últimas postagens do preso independentista galego Ugio Caamanho.

Em meses passados, os diários de prisom escritos pol@s pres@s independentistas Giana Gomes e Ugio Caamanho vinhérom sendo alojados em formato blogue, no endereço indicado na ligaçom inferior.Problemas de tipo técnico provocárom a perda, nesse sítio da rede, de todo o material escrito datado a partir da Primavera do ano passado, conservando-se apenas os diários abrangentes do arco temporal que vai de Agosto 2005 a Fevereiro 2006. Agora,de Ceivar anunciamos que,entanto nom se amanhar a citada página, daremos cabida no nosso portal anti-repressivo aos diários que nos encaminharem @s pres@s independentistas. Com esta iniciativa, a voz e opiniom d@s pres@s independentistas galeg@s pode chegar a milhares de pessoas, transmitindo notícias sobre a vida em prisom e a repressom carcerária até valorizaçons sobre acontecimentos sociais e políticos que ocorrem no País. Convidamos as nossas leitoras e leitores a seguir regularmente estes diários e a participar no envio de correio postal, publicaçons e informaçom aos patriotas galeg@s Ugio Caamanho e Giana Gomes. Os endereços forçosos de amb@s @s militantes independentistas, recluíd@s nesses centros penitenciários espanhóis a centos de quilómetros da Galiza e em vulneraçom permanente do seu direito a passarem a prisom preventiva num cárcere radicado na CAG,som Giana Rodríguez Gomez Centro Penitenciário de Ávila Carretera de Vicolozano 05194-Brieva (Ávila) Espanha Ugio Caamanho Sam-Tisso Apartado dos correos 480 Centro Penitenciário de Cáceres Carretera de Trujillo s/n 10004-Cáceres Espanha Transcrevemos a continuaçom os últimos diários que o preso Ugio Caamanho nos enviou a Ceivar (Agosto-Novembro). A habitual demora sofrida pola correspondência d@s pres@s F.I.E.S-3 (F.I.E.S. “polític@s”), junto com eventuais “perdas” nos primeiros envios dessa correspondência, é a causa do atraso na sua publicaçom. – – – – – – – – – – – – – – – 27 DE AGOSTO DE 2006, DOMINGO. Surpreende comprovar quanto se lê aqui. Cada segunda-feira o encarregado de biblioteca sai do módulo com as encomendas e volta puxando por um carrinho carregado com dezenas de volumes. Neste cárcere, mais que nos outros que conheço, talvez pola pobreza, já que ao nom poderem comprar tevê muitos recorrem à literatura. Mais assombroso ainda resulta o facto de ler-se bastante bem. Certo que os autores mais solicitados som Dan Brown e Vázquez-Figueroa, mas ainda assim a proporçom de leitores de bons romancistas e bons poetas é realmente notável. Os presos lem mais e melhor que os universitários. 3 DE SETEMBRO DE 2006, DOMINGO. Um amigo comenta do seu trabalho num Centro Social: “Eu dizia de fazer atividades praticamente diárias, mas via-se como um queime. E em que queima a gente o seu tempo?” Isso é: em que queima a gente o seu tempo? Certo que em muitas ocasions o activismo acaba sentindo-se como umha carga pesada e estressante, mas o que nom se leva em conta é que também a falta de activismo é queimante, e em maior medida. A questom é decidir em que queremos queimar o nosso tempo; se em vegetar ante o tevê, em escalar na sociedade e na empresa, em acumular objectos, ou em viver. Num pais como o nosso em que a existência toda está concevida como um ciclo de consumo e concorrência, como umha continuidade de actos de compra-venda, como um despojamento permanente dos vínculos sociais e territoriais, num pais assim, é dizer, o activismo nacionalista torna-se sinónimo de vida. Mais cansativa que o sofá, mais exigente que a vadiagem que nos propom o mercado, até mais dolorosa, mais imprevisível e mais ingrata que a morte dosificada por Espanha e o Estado. Mais satisfatória também, e isso sabe-o toda a gente: entre os que escolhem “nom implicar-se nom há nem a metade de risos, de alegrias e de orgulhos, essa é a verdade. Mesmo quando a reapropiaçom do espaço, do tempo e do destino acaba com um no cárcere, o dia-a-dia continúa grávido de sentido, de intensidade e de vida, mentres na rua milhares de pessoas languidezem no tédio esquizofrênico da subsistência burguesa. Isto traz-me a memória umha passagem dumha carta de Sêneca: “Outorga-me simplesmente, cada vez que te rodeiem para persuadir-te de que és desgraçado, o nom fazer caso do que ouves, mas de como te encontras, o consultar com a tua resistência ao sofrimento, o perguntar-te a ti mesmo, que te conheces melhor que ninguém: Por que me tem de comparecer essa gente? O que é que os faz tremer, o que faz que tremam até o meu contacto, como se a tribulaçom puder contagiar-se?” 10 DE SETEMBRO DE 2006, DOMINGO. Desde fora tende-se a pensar que no xadrez sobra o tempo, e um imagina-se aproveitando para estudar carreiras, escrever muito, ler bibliotecas inteiras e até elaborar artesanias, mas depois resulta que se chega aqui e começam a arrojar-te dum lado ao outro todo o santo dia, de maneira que a tua ocupaçom principal consiste em obedecer. Entra na cela, e tu entras. Sai da cela, e tu saes. Ao pátio, ao comedor, passe pola garita, forme para reconto. Levo quase cinco meses nesta prisom e nom tive nenhum problema sério com a direcçom, o qual permitiu-me atingir um certo nível de estabilidade e organizaçom com o que emprego melhor o tempo e descontraio um pouco da tensom de Navalcarnero, o isolamento, os partes, os plantes e demais. Está bem. A contrapartida é que no há nem um gesto rotundo de desobediência em todo este tempo, e isso é sao nem muito gratificante. Ah! Nas situaçons de dominaçom a resistência nem apenas enobrece o espírito: ademais proporciona a mais limpa e intensa das satisfaçons! Acordo-me quando começávamos a pintar murais em valados abandonados de Santiago. Às vezes vinha a polícia, identificavam-nos, mandava-nos marchar e nós íamo-nos embora e voltávamos à noite. Passados uns meses estávamos com outro mural, penso que em Santa Clara, chegou a Polícia, identificou-nos e mandou-nos marchar. – Pois nom nos vamos- disse u. Tanto o resto de nós quanto os polícias olhamos para ele estranhandos, como ante um erro do guiom. E ele também estranhado, como se acabasse de descobrir algo por surpressa. – Tedes que ir-vos embora- asseguravam os polícias. – Que nom, que nom- dizia ele, sorrindo polo que se lhe ocorrera. E no nos fomos. Pegamos nos pincéis e acabamos o mural ante a olhada estupefacta de dous municipais pouco afeitos à insuborninaçom, que ficárom de espectadores a hora que nos levou acabar o trabalho. Apagárom-no aos dous dias, mas a liçom que apreendemos dessa vez valeu mil vezes a quantia da multa (que, já postos a desobedecer, nom abonamos). Ademais, começamos a experimentar o inigualável prazer que em certas circunstáncias proporciona a palavra “Nom”. E levo cinco meses sem pronunciá-la… 17 DE SETEMBRO DE 2006, DOMINGO. (…) Deixar de fumar custou-me menos que aprender a negar um cigarro. Existe um acordo quase sagrado dos fumadores cuja violaçom sempre me pareceu que arruinava umha das poucas solidariedades efectivas que duram: a que te permite pedir tabaco a um desconhecido sem passar por esmolante. Nom te parece reconfortante, nom já como fumadora, mas como comunista? Desconheço se é culpa do sistema penitenciário, dos carcereiros ou dos presos comuns, mas no xadrez privam-nos até disso, até da possibilidade de continuar sendo boas pessoas. Os primeiros meses livrei umha batalha interior entre o sentido comum, que me alertava contra qualquer generosidade com presos comuns, e o velho código, a velha forma de ser. E certo que busquei um ponto de equilíbrio, e é certo que fracassei miseravelmete. Umha companheira diz que na prisom conheces-te mais a ti mesmo, as tuas pulsos e os teus limites. Hoje sinto-me mais inclinado a crer que no te conheces tanto quanto te transformas, e isto último em muito alto grau e nom necessariamente no melhor dos sentidos. Até acabar-nos chalados ou convertidos em animais talegueiros resta-nos porém um longo caminho empedrado por toda a série das cousas boas que este contexto provê. Para o além, que fica distante, haveremos de seguir o conselho do Renato Curcio e viver o cárcere “dumha maneira rocosa”, com a dureza e impassibilidade dos minerais. O humano; a se resistir, será o que vai bem envolto, protegido no âmago. (…) 1 DE OUTUBRO DE 2006, DOMINGO. (…) Esta semana chegou o cargamento de presos ao módulo. Uns vinte e tal, ou trinta, e todos vinham de Madrid. Nom há nenhum galego entre eles, de facto todo é negativo da sua chegada: agora custa mais trabalho telefonar, fazer fila para as comidas, conseguir mesa e cadeira na sala, e além disso subiu muito o nível de decibelios que há que suportar. Passamos de oitenta e tal a mais de cento dez, refiro-me a presos, nom a decibelios, assim que o que era um módulo vai-se parecendo mais e mais com os de Soto ou Navalcarnero. Exceptuando os presos de destino e algum chivato notório ficamos pouquinhos com cela individual. Eu sou um deles, mas nom te estranhes se para a semana te escrevo desde isolamento contando-te que me quisérom meter um intruso, e já tens outra vez a roda a girar. Nom seria assim tam grave: livraria-me das horas neste pátio e compartilharia módulo com os bascos. Os presos novos som todos extracomunitários: bastante pretos, muitos sul-americanos, três ou quatro muçulmanos e um coreano que parece talmente Kim Jon Il, pobrinho. Devem estar caindo traficantes a maos cheias em Barajas, porque polos vistos nos cárceres de Madrid já nom cabe nem um pigmeu. Espanha tem mesmo um problema de saturaçom penitenciária. (…) 8 DE OUTUBRO DE 2006, DOMINGO. Anda rondando o debate nuclear com um ar conspirativo que já prefigura o seu resultado. Tanta unanimidade de argumentos e tanta concertaçom nos golpes de efeito entre personagens de toda laia em Europa fam pensar certamente numha campanha orquestada polos que sim merecem o nome de poderes fácticos, que neste ponto mandam de verdade. O próprio governo espanhol, comprometido programaticamente com a desnuclearización passeninha, cuida-se cada vez menos de ocultar os seus planos para a próxima legislatura, confiando assim e todo em que as intervençons propagandísticas xeralizadas, que incluen progres da família de PRISA e até alegados ecologistas, convençam à populaçom de que o desenvolvimento sustentável equivale a fisom do átomo. Os galegos já paramos umha vez um projecto de central nuclear em Jove; mais nos vale irmo-nos preparando, porque todo anuncia que o segundo intento poderá nom demorar muito. 15 DE OUTUBRO DE 2006, DOMINGO. Som trapaceiros os dilemas desse género, tam caros polos entusiastas deste modo de vida rapaz, insensato e suicida. Dizem: “as crescentes necessidades energéticas há que satisfaze-las bem nom combustíveis fósseis, bem com energia nuclear”. Ou: “ o crescimento urbano pode-se conduzir horizontal ou verticalmente”. Ou: “ a crescente necessidade de transporte cumpre soluciona-la por meio do carro privado ou do comboio”. E porquê? Porquê tem que incrementar-se o consumo de energia? Porquê vai têm de estender-se as nossas cidades se nom aumenta a nossa populaçom? Porquê urbanizar e viver de maneira que tenhamos que gastar cada vez mais tempo em despraçamento? Nestes termos os dilemas ou nom têm soluçom ou têm efeitivamente a que convêm aos poderosos. Entre o gaseamento por CO2 do petróleo e o carvom e os resíduos rediactivos do urânio talvez compense o segundo. Se em Vigo nom houver habitaçom para todos os vigueses, quiçá o melhor seria construir para o céu em lugar de invadir a periferia, como bem dizem o BNG e o PP. Mas nom se justifica esta acertaçom acrítica dumhas premissas que nos condenam à racionalidade estúpida e alienante do “progresso”. 22 DE OUTUBRO DE 2006, DOMINGO. A espontaneidade dos políticos por vezes exprime-se com maior eloqüência do que os seus informes. Parece ser que os leoneses denunciárom o uso do mapa da Galiza editado por NÓS-UP, que conpreende os territórios orientais até o Návia, o Berzo e Seabra, nalgumhas escolas. A conselheira de educaçom do bipartito, solidária com os leoneses e escandalizada polos factos, tranqüilizou-nos afiançando-lhes que se investigará o caso e se retirará o mapa, que obviamente é “ilegal”. Esta mania de declarar foragidos todas aquelas cousas contrárias ás próprias opinions, a sério, tinha que chegar até aqui? É tremendo que Espanha ilegalize partidos políticos, associaçons juvenis, centros sociais, até periódicos. Mas… um mapa? Como se lhe ocorre a alguém ilegalizar um mapa? Estará pensando esta “socialista” numha Lei de Mapas a semelhança da Lei de Partidos Políticos? E sendo assim, que supostos de ilegalizaçom lhe passarám pola cabeça? Já o estou vendo: “ilegalizado o mapa integral da Galiza por nom condenar o terrorismo”. Ouça, senhor juiz, que eu sou só um mapa. “Já mas, condena o terrorismo ou nom?” Porquê pensaram que têm que meter mão em todo o que faça a gente? No seu afám regulamentarista, no seu intento de sumeter toda a vida social ao controlo de ordenanças, leis orgânicas, regulamentos e directivas, ao final acabam crendo-se com compentências sobre cada cousa que a sociedade faz por livre, mesmo as mais inócuas e inofensivas, mesmo caindo no ridículo. Assim que o nosso mapa é ilegal, manda caralho. Pois que o metam preso também, como aquela história do sargento que castigou umha cadeira com duas noites de arresto. Que país! 29 DE OUTUBRO DE 2006, DOMINGO. (…) Se o essencial for este último motivo viria a propósito da crítica da cultura: mercantiliza-se tanto a literatura e o pensamento que só quando vêm envoltos em papel de presente é que os identificamos como tais, e destarte descuidarnos todas as manifestaçons mais singelas que, por isto mesmo, estám ao alcanço de todo e que tradicionalmete praticamos a diário. Por exemplo, contar contos, ou relatar com graça algo que te aconteceu esta manhám, ou escrever umha carta, ou tentar convencer alguém dalgum argumento. É sempre comunicaçom e com efeito nom se trata de fazer virtuosismo verbal, como nas obras de ficçom, senom que se empregam as técnicas literárias como ferramentas… ou nom, porque também às vezes se fala por falar, e se escreve sem nada particular que transmitir, por puro gosto. Seja como seja nom se trata, e isto é que é o fundamental, dum autor conhecido contar cousas e um público anônimo e invisível. Aqui há caras, nomes próprios, informaçom biográfica compartilhada. Há pessoas dos dous lados da linha. Porquê nom? Mais que pular por um sistema literário comercial galego poderíamos propor-nos dinamitar a noçom de literatura, e nesse caso, sem denigrar o romance, o poema, a obra dramática e o ensaio, cumpriria elevar de rango os gêneros informais, pessoais. A conversa, por exemplo, que foi umha arte muito cuidada outrora e hoje dá pena, com tam magro vocabulário, tantos lugares comuns e tam poucas dotes teatrais e retóricas. Ou a faculdade de contar piadas, que também é umha arte bem misteriosa. A ideia de dirigir-se nom áquelas pessoas que queres transmitir o que vás dizer mas a um público anônimo poderia proceder da consideraçom da tua expressom como umha mercadoria, porque entom fás é coloca-la no mercado e vende-la ( nom causar o riso ou a reflexom nos teus amigos, vizinhos, companheiros), ou entom da formaçom do homem abstracto na modernidade, é dizer, do indivíduo, processo mais amplo que o primeiro mas sem dúvida conectado a ele casualmente. As cousas como estám, chegamos ao extremismo social de se escreverem as maiores e mais complexas arquitecturas literárias e ensaísticas mentres a maioria da populaçom se vê incapaz de contar como lhe foi esse dia no choio sem cair na indigência lingüística, sem sequera fazer entender o que gostaria de comunicar, e desde logo sem divertir nem ensinar nada. E com umha carência de idéias, opinions fundamentadas e sistemas de pensamento coerentes que se faz árduo estabelecer controvérsias. Ou inútil até. Com estas consideraçons um vai perdendo (…) 4 DE NOVEMBRO DE 2006, DOMINGO. (…) Há gente que nom se entende se percebe e está espantada ante o desdém com que nos últimos tempos tratamos da organizaçom política e também da sindical, que sem os dous buquês insígnia da luita revolucionária ao estilo antigo. E se bem nos factos nom se verificam mais que aspectos positivos destas renúncias, parece que a gente órfã sem estes instrumentos, por muito que à hora da verdade nunca saiba como emprega-los. Quando alguém me expom estas hesitaçons a argumentaçom mais solicitada é a globalidade: para coagular as micro-identidades agromadas nos nodos da rede social compre umha força política. O que se passa é que nessa formulaçom vam contidas duas asseveraçons, umha certa e outra evidentemente falsa, e a segunda poderia esconder-se na primeira par engabelar-nos: é certo que um moviemento como o que estamos a construir coxeia de elementos globalizadores que conformem um sujeito histórico nacional, mas nom o é em absoluto que um partido político poda cumprir essa funçom. Talvez sirva para outra cousa, mas desde logo na Galiza, no independentismo, o partido nunca é um elemento de uniom mas de divisom. Este assunto da globalidade nom é, contodo, do que te queria falar hoje. Intriga-me é a questom do partido representativo. Fixa-te que na ideia de partido (ou força política, tanto faz) vam ligados dous significados, duas funçons totalmente separáveis que nuns casos guardam equilíbrio e noutros nom; o partido pode consistir numha organizaçom para a planificaçom e multiplicaçom do trabalho dos activistas, que é realmente o papel de todas as agrupaçons conspirativas e especialmente os leninistas (já agora, no caso russo o papel globalizador nom o desempenhava o partido mas o periódico Iskra), ou pode arrogar-se a representaçom dum segmento do espectro político, dum país, ou dumha cladde social. Em geram combinam-se os dous jogos, vasculando para o primeiro no caso dos partidos mais implicados nas movimentaçons sociais e para o segundo nos mais institucionalizados. O problema da representaçom do independentismo é que na maior parte dos casos nom sequer deixar representar. Assim que se tu vás listo e te proclamas portavoz, em geral nom aguantas nessa posiçom quatro dias, ou acumulas tal despreço que nom podes nem ir aos bares. Ou pior ainda, aparecem outros listos que te dizem que tu nom os representas e começais a brigar por esse estranho e desnecessário título de “representante do MLNG”. Mas, afinal, que necessidade temos nós de representaçom? Para que nos serve, na prática? Sabemos para que serve nos sistemas pluripartidistas de mercado: para seqüestrar o direito à participaçom colevtiva, de maneira que a gente pense que já cumpre os seus compromissos com a vida pública com o voto quadrianual, como os espectadores dum partido de futebol julgam ter gozado do desporto após passar duas horas vendo como jogam vinte e dous desconhecidos. Nós a quem queremos representar? Que ganhamos representando ninguém? Cumpre-nos ser, nom apresentar. Que cresça a participaçom, nom a representaçom. Nom é que haja que apostar polo abstencionismo: as instituiçons espanholas baseiam-se na representaçom, mas ainda podemos conceber algumhas formas de intervençom eleitoral reácias à dinâmica representativa. Basta com que umha parte nom se arrogue a funçom do todo, e menos de fora fechada, estável e unívoca. Isto conduziria a um processo permanentemente constitutivo cuja principal características estribaria justo nisso: sempre se está começando de novo, para bem e para mal. Acho que esta noçom do permanente constituivo. (…) .