Hostaleiros de Ferrol projectam controlar @s client@s com câmaras de vigiláncia e leitores de bilhetes de identidade

Magnificar determinados sucessos e apresentar o inusual como norma, provocando um intencionado alarme social, é política comum a todas as iniciativas autoritárias. O recente homicídio do porteiro de discoteca Jesús Rivas em Ferrol é mais um exemplo de como a instrumentalizaçom de determinadas notícias dá passo à extensom e normalizaçom de medidas restritivas de direitos e liberdades. Empresários hostaleiros trasanqueses projectam agora o controlo geral das pessoas que acodam aos seus negócios. Membros do colectivo patronal reuniam-se onte com José Manuel Vilariño, edil de ‘Segurança Cidadá’, e Daniel González, chefe da Polícia local, para mostrar a sua “preocupaçom pola segurança dos clientes e empregados dos estabelecimentos”. Ambas partes considerárom que “os incidentes da noite ferrolana nom som mais graves nem mais numerosos do que os registados noutras cidades galegas”, embora apontárom que a morte de Rivas “pode servir para converter a noite da cidade numha das mais seguras da Galiza”, desvelando umha intençom prévia à morte do porteiro. A associaçom de proprietários de pubs e discotecas projecta extender no prazo de 30 dias jos_content medidas de controlo total da clientela dos locais. “Nom se trata de fazer umha vigiláncia exaustiva, mas si de controlar um pouco”, declarou onte em tom autojustificativo o empresário Kiko Caamaño. No entanto, as propostas do colectivo empresarial visam a conversom dos locais de ócio de Ferrol em espaços absolutamente vigilados e onde a entrada será selectiva. Câmaras, leitores de BI e contacto policial directo O “controlar um pouco” proposto por Kiko Caamaño concreta-se na colocaçom nos locais de painéis informativos com as normas de comportamento, o contacto telefónico directo com os diferentes corpos policiais, a instalaçom de videocâmaras no interior e o exterior dos estabelecimentos e a colocaçom de leitores electrónicos de bilhetes de identidade que permitam saber, em todo o momento, que pessoas se encontram no interior dos locais. O objectivo final, segundo Caamaño, é identificar os indivíduos “realmente problemáticos”. O sistema funcionaria em rede entre os locais de ócio de Ferrol. Assi, qualquer incidência num determinado estabelecimento seria notificada automaticamente aos restantes de modo que se pudesse vetar a entrada dos indivíduos “realmente problemáticos”. A vulneraçom plena da intimidade e o direito à própria imagem das pessoas que acodam a estes recintos foi defendida por outro porta-voz do colectivo, Santiago Rei, inculpando @s clientes e assegurando que “o que nom tenha nada que achantar nom lhe vai intimidar que haja câmaras nos locais” (!), embora “si às pessoas que podam ocultar algo ou pensem fazer algo incorrecto (sic)”. Rei atribuia deste modo umha responsabilidade delitiva prévia a qualquer pessoa contrária a ser filmada sem o seu consentimento durante o seu tempo livre. Os empresários assegurárom aliás que o objectivo do encontro era “estreitar a colaboraçom com as forças da orde”. Por sua parte, Vilariño exprimiu a sua intençom de que estas reunions se repitam “periodicamente”. Caminhamos face a vigiláncia onipresente O anedótico da notícia nom oculta o facto transcendente de que, nos últimos anos, ao calor dos ‘alarmes sociais’ criados mediaticamente, a potencializaçom da informaçom de ‘Sucessos’ e a produçom de ‘insegurança cidadá’ por parte dos meios, a videovigiláncia estende a sua presença a todos os ámbitos comunitários. Äreas comerciais, escolas, centros de trabalho, edifícios administrativos, parques, ruas, praças, hospitais, manifestaçons, transportes públicos, cámpus e, em geral, qualquer actividade que concentra cidadá(n)s, está fiscalizada por corpos policiais estatais ou empresas privadas que, em última instáncia, som controladas por aqueles. Queremos incidir na gravidade deste processo, que nom se encontra directamente impulsionado e dirigido polo Estado, senom por interesses da indústria da segurança, as companhias de comunicaçom que aumentam a sua audiência com a informaçom de sucessos, certa ultradireita sociológica e a falta de tensom social a respeito do que ocorre, mas que, em última instáncia, tem no seu vértice as FSE, únicas instituiçons capazes de aceder e processar em caso de necessidade a massa ingente de informaçom produzida pola videovigiláncia social.