Pérez Rubalcaba é o novo responsável político dos corpos repressivos do Estado

Alfredo Pérez Rubalcaba (Cantábria, 1952) é o próximo ministro espanhol de Interior desde a remodelaçom governamental anunciada esta manhá. Porta-voz parlamentar do PSOE em Madrid, a colocaçom de Rubalcaba à frente da responsabilidade política sobre os aparelhos policiais do Estado foi interpretada como umha resultante do processo político iniciado em Euskal Herria trás a declaraçom de cessar-fogo permanente por parte de ETA. De facto produz-se 15 dias após esta. Pérez Rubalcaba estaria destinado assim a jogar um papel fulcral na nova dinámica aberta desde a suspensom da actividade armada da organizaçom revolucionária basca. Contodo, o novo titular de Interior espanhol aparenta apostar nas velhas receitas repressivas e declarava ontem –antes de o nomeamento fazer-se público- a decisom do PSOE de manter vigente a Lei de Partidos. Home de confiança de Rodríguez Zapatero, o actual responsável político dos corpos repressivos destaca como ideólogo do ‘espanholismo amável’, magnífico orador e experto em processos de negociaçom. Rubalcaba tem umha larga trajectória no PSOE. Foi ministro de Educaçom e Presidência e porta-voz governamental no último período de Executivo de Felipe González, precisamente quando se destapam os escándalos de corrupçom dos ‘socialistas’ e saem à luz as vinculaçons de altos responsáveis do PSOE no Executivo espanhol com o grupo terrorista GAL, desenhado de instáncias estatais para desenvolver a Guerra Suja contra o Movimento de Libertaçom Nacional Basco. Espanholismo inteligente Prova da habilidade negociadora que caracteriza Rubalcaba e a confiança que esperta nos poderes fácticos do Estado é o facto de ter sido destinado a representar Madrid na negociaçom multilateral do Estatut catalám. Frente aos sectores toscamente espanholistas do PSOE –perdem peso no Executivo com a saída “em favor da minha família” de José Bono-, e frente a linha neofranquista que destacados membros de Legionarios de Cristo impremem na direcçom do PP, Rubalcaba representa um espanholismo firme nas questons nucleares mas capaz de adoptar um perfil ‘dialogante’ nas formas. A posiçom do político e titular de Interior na negociaçom do Estatut evidencia este ‘espanholismo amável’. Rubalcaba aceitava, por exemplo, a utilizaçom no preámbulo do Estatut do termo ‘naçom’ trás admitir a existência de “um sentimento maioritário” em favor do reconhecimento nacional da Catalunya, mas apontava a continuaçom que há “outro sentimento do resto do povo espanhol que também é maioritário”, contrário ao anterior e juridicamente preferente. Aliás, o novo titular evidenciou a banalidade do debate nominal ao declarar “o que figemos é descreber esta situaçom no preâmbulo [do Estatut], tendo em conta que o preâmbulo nom tem valor jurídico do ponto de vista constitucional”.