Publicamos postagens de Janeiro do preso independentista galego Ugio Caamanho

Transcrevemos as últimas postagens que nos envia desde o centro penitenciário de Navalcarnero o preso independentista galego Ugio Caamanho. A totalidade de postagens editadas, assim com as da patriota galega Giana Rodrigues, presa em Brieva (Ávila), podem-se consultar no endereço http://com-os-pes-na-terra.blogspot.com Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2006 Ontem Hamás ganhou por maioria absoluta nas eleiçons de Palestina. Aí vai umha associaçom de idéias, para quem a queira perceber: há uns dias comentava a divisa das guerras camponesas alemás do século XVI: esse comunista “Todo é de todos” sob o qual os dominados se unírom e avançárom armados contra os poderosos e os seus mercenários. Para completar o quadro deveria ter acrescentado que aqueles eventos tivérom lugar no contexto dos cismas religiosos que abalárom a cristandade e acabárom por troceá-la em várias igrejas. As revoltas encabeçadas por Thomas Müntz anteditas pertencem a esse fenômeno, já que surgírom envoltas no protestantismo radical que ultrapassou as posiçons de Lutero, e de facto propiciou a aliança deste com os príncipes e, indiretamente, com o próprio Vaticano. O discurso comunista formulava-se em termos pseudoreligiosos, tanto nesse caso como em todas as sediçons reiteradas na altura na Alemanha e nos Países Baixos, os anabaptistas sem ir além. Em todos os casos aboliam a propriedade sob norma de “Omnia sunt communia”, em todos os casos destruíam o poder feudal e eclesiástico, em todos os casos foi obra de labregos e artesaos. Em resumo: somos nós. Como somos também os irmandinhos, como somos os guerrilheiros de Viriato, os escravos de Espartaco, etc. Só que em todas essas rebelions nom se empregavam as idéias nem as palavras do iluminismo, porque Voltaire e Rousseau demorariam ainda em nascer e portanto os nossos deuses modernos (a Raçom, o Progresso…) nom substituíram os teológicos. Duas pessoas a quem ensinárom em dous idiomas distintos pronunciarám diferentes palavras quando se rebelem contra quem os domine. Mas estarám a exprimir as mesmas sensaçons e os mesmos desejos, a mesma ânsia de sobrevivência e comunismo que a nossa espécie demonstra em toda época. O iluminismo é um fenômeno ocidental que carreja os seus próprios céus e infernos, mas nom nos compromete mais que a nós. Nom há motivo para cair na soberba de impô-la como língua universal a ninguém, também nom aos mussulmanos, e menos com a 62gem de genocídios que leva Ocidente em nome desses valores. Contam que a estratégia de Hamás passa por criar redes sociais baseadas em certos princípios islâmicos, como a caridade, onde se ignora o valor e o dinheiro: comedores, escolas, sostemento dos pobres… Diferença-nos de todo isso o iluminismo, que também nom está presente na tradiçom comunista da que nos orgulhamos. Entom? Todo parecia mais singelo nos anos da guerra fria, mas era umha miragem porque o mundo é bem mais complexo que os manuais do PCUS. Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2006 Chegou-me carta de Fernando, que me escreve desde a sua morada em Astúrias. A única pessoa da que me alegra mais umha carta do que um abraço! Espero que siga tendo que escrever, ou entom que podamos ver-nos cara a cara, mas nom porque volte senom porque eu saia! Hoje tomárom represálias contra o grevista de fame: de cabeça ao módulo 1, como Eduardo.