Publicamos postagens de Janeiro do preso independentista galego Ugio Caamanho

Reproduzimos três jos_content postagens do preso independentista galego Ugio Caamanho referidas ao passado mês de Janeiro. A crónica carcerária do patriota recluido na prisom de Navalcarnero a 600 quilómetros do seu País delata um endurecimento das condiçons de vida no centro penitenciário espanhol e recorda-nos sem dizé-lo, mais umha vez, a importáncia da solidariedade quando chega até os muros e as aramiadas metálicas em forma de palavras, visitas e folhas escritas com questons triviais e relevantes. Anotar, por outra banda, que o blogue que redigem simultaneamente Ugio Caamanho e a patriota galega Giana Rodrigues e publicamos em http://com-os-pes-na-terra.blogspot.com tivo releváncia mediática o dia de hoje. O diário espanholista La Voz de Galicia estracta parte das postagens redigidas polo preso e a presa para acompanhar a ‘informaçom’ com a que, demonstrando ter um acesso privilegiado a fontes judiciais, anuncia que o processo repressivo aberto contra a AMI está em maos dum tribunal especial e que um outro processo de dimensons desconhecidas se gesta nalgum despacho da Audiência Nacional de Espanha “contra o contorno independentista galego”. Esta é novamente a palavra do patriota galego Ugio Caamanho a centos de quilómetros da sua Terra. Quinta-feira, 11 de Janeiro de 2006 -Algum resultado? -Sei lá… Parecia zangado de verdade, diz que o oculista nom depende do cárcere e vem quando lhe peta, que é mais bem pouco. Diz que já está bem e que vai falar com a diretora. -Total, que perdeste a aula de informática para nada. Disse-te ao menos quando calcula que terás a consulta? -Eee… nom, mas comentei-lhe o do incremento de dioptrias do olho esquerdo. Assustou-se, acho, e escreveu “preferentemente” diante do meu nome na lista de apontados ao oculista. – Ah, sim. Todos os nomes ponhem “preferente” diante. Funciona dessa maneira: conforme insistes um pouco escrevem-te “preferente”. Se continuas, “preferente-preferente”. A seguir, “preferente-preferente-preferente”. -Já vejo. – Levas poucos meses cá, já perceberás a maneira como as cousas trabalham. Quando passa um tempo, se tens persistido no intento de fazer-te com uns óculos, juntarás mais e mais “preferentes”. E quando chegues a quinze… presenteiam-te um balom. (Um anarquista explica os protocolos carcerários a um independentista galego cada dia mais míope, mentres passeiam pólo pátio do módulo). Domingo, 15 de Janeiro de 2006 Ganhou Feijoo e parece que termina o coqueteio com o “galeguismo” de parte do PP. Agora, com essa incógnita despejada, começará a revisom do Estatuto de Autonomia, com menos hipóteses que sempre de atingir mudanças substantivas: nenhum partido as deseja e ademais Feijoo, cujos votos som imprescindíveis, nom quererá permitir que se abra umha terceira frente a Rajoi. Também nom Tourinho, por certo, nem Zapatero, que já bastante tem com o que tem. A questom, logo, é a seguinte: se nom podemos conseguir umha reforma que respeite o direito a decidir o futuro sem injerências, entom… serve de algo gastar algum esforço nisto? Claro que é melhor que a Xunta tenha competências em, por exemplo, instituçons penitenciárias, mas isso nom vai ajudar muito à recontruçom nacional. Das leis e da sua reforma podemos almejar o reconhecimento dos nossos direitos; todo o demais corresponde-nos a nós, pola nossa própria mao. A ánsia polas competências nom é mais que um pálido reflexo do fetichismo do Estado, que nos convence de que apenas a administraçom pode transformar o País. Porém, que importância tem a acçom do Estado a respeito da língua, sem ir mais longe, em comparaçom com a do movimento popular? (Tanto suspirar polo poder político para acabar fazendo os mesmos cartazes com distinto logótipo…). Ao lado das campanhas institucionais, ao lado dos ressortes burocráticos e legalistas, a vitalidade do povo derrama-se por todo o espaço social e pom patas arriba os planos dos políticos. O nosso problema é duplo: a negaçom dos nossos direitos e a anêmia dos nossos movimentos sociais. Nenhum deles se debaterá em Sam Caetano nos próximos meses. Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2006 Isto começa a animar-se. Ou bem há umha conjunçom estranha dos astros que faz com que aconteça todo ao mesmo tempo, ou entom o Subdiretor de Segurança anda adoecido à procura de festa. Seja como seja, isto tem que acabar fatal em nom muitos dias. A ver se acabo a semana nesta mesma cela. Nesta cela em que estou só, por certo. Foi a primeira jogada do SS: apanhou o Eduardo Garcia e trasladou-no a outro módulo, de maneira que agora tanto ele como eu somos os únicos políticos nos respectivos módulos. Isso foi a segunda-feira. A terça buscou-me as cócegas a mim, com o pouco que podia e também com algo que nom podia… Nimiedades, afinal, tratando de que seja eu quem a lie: roubou-me o jos_content da Galiza e nega-se a devolver-mo, e vai-me impedir, sem direito nem motivos, mudar os números de telefone que tenho autorizados. A semana passada tocara-lhe a um basco, com o que mantivo um diálogo por escrito deste género. “- Solicito me indique em que artigo do Regulamento Penitenciário consta a obrigaçom de forma nos recontos de isolamento. – Já que lhe interessa tanto o Regulamento, informo-o de que nom consta nele o seu direito e receber visitas os sábados. Daqui por diante comunicará os domingos a última hora”. O que significa que os seus familiares e amigos chegaram ao País Basco na madrugada da segunda-feira… E todo isto ademais, por escrito! Hoje tocou a todos os presos, sociais e políticos. Por megafonia informam de que se proíbe ter comida ou bebida nas celas, quando todos tentamos paliar a subnutriçom da sua comida nojenta com produtos do economato, com os que fazemos um segundo jantar no “chabolo”. Os presos deste módulo, que contodo som do mais pacífico, andam zangadíssimos e já circulam consignas para protestos colectivos: “Que nos querem dizer inclusive quando e onde podemos comer? Pois amanhá que ninguém lhes apanhe comida!”. Duvido muito que cheguem a fazer nada, mas já se verá. Outro social, o anterior companheiro de cela de Eduardo, declarou greve de fame por outros puteios reiterados do SS. Sim, isto anima-se. A ver como segue todo. Sábado, 21 de Janeiro de 2006 Que fraude! Tanto vociferar, tanto entusiasmo e tanto “momento histórico” para que afinal acabe todo num Estatut que introduz a palavra “naçom” sem efeitos jurídicos… Isso, e algo menos de espólio fiscal, e aí tens outros vinte e cinco anos de “paz”. Para esta viagem, como se costuma dizer, nom cumpriam tantas alforjas. E se isso termina dessa maneira num pais onde o PP é marginal, em que dará a reforma aqui? E umha vez feita, quantas bocas nom calarám ou declararám “resolto” o problema nacional, ou pólo menos avalizarám a legitimidade democrática do novo estatus? O que me pergunto é porquê os cataláns nom quissérom esperar um pouco para ver como se enceta o processo basco, onde sim se falará em términos de soberania (com outras palavras). Por isso vai tam devagar e com tantíssimas dificuldades, mas abrirá umhas possibilidades a que parece que ERC e BNG querem renunciar adiantando-se e fechando o capítulo antes que ninguém. E mentres tanto o Zapatero, com o seu sorriso e com a progressia e boa parte dos nacionalistas apaixoados por ele como adolescentes, vai desactivando núcleos de resistência ao poder como quem nom quer a cousa. (Por certo, a tensom carcerária foi outro fraude. Os protestos colectivos desinflárom-se ante os primeiros esquiróis, o grevista de fame deixou-no aos três dias, e do SS nom se voltou saber mais).