Publicamos artigo de opiniom do preso independentista galego Ugio Caamanho

Damos hoje saída a um artigo de opiniom redigido e enviado polo preso independentista galego Ugio Caamanho, recluido na prisom de Navalcarnero (Madrid) a centos de quilómetros da Galiza. O breve texto aborda a capacidade da mídia para gerar estados de opiniom e pensamento e a importáncia de dispormos de meios de comunicaçom realmente populares. O “debate social” o pesebre Acho que começo a gostar da Cidade da Cultura. Por isso de levar a contrária, que num país como o nosso converte-se numha militáncia de grande valor cívico, como umha prática de higiene social que alguém tem que fazer, trate-se do tema que se trate. Quando o PP conservava a chave da despensa, até há uns meses, nom se podia dizer em público nada contra o mausoleu desenhado por Eisenman. Certo que no Bloco existiam rezeios, mas cuidavam-se muito de manfestá-los em voz muito alta por aquilo de livrar-se da imagem do “nom ao progresso”, nom à autoestrada do Atlántico e todo aquilo. E os intelectuais? Escritores, músicos, arquitectas, ou bem aplaudírom o projecto ou bem calárom a boca. Nem um manifesto “nom-no-meu-nome” figérom circular. Estamos sós, como sempre. @s independentistas sós com mais de cinquenta por cento da populaçom, também contrária às obras. E levamos a contrária, como sempre, sem titubeios nem ambigüidades. Ah, mas já som outros que governam o pesebre, e La Voz de Galicia lança agora (agora!) umha campanha contra a Cidade da Cultura. Campanha: eles dizem-lhe “impulsionar um debate social”. Como o “debate social” que impulsionárom contra o BNG de Vigo e a favor do protonazi Ventura Pérez, ou o que recuperou e reivindicou o Plano Galiza, ou o de desgaste de Lores, ou o do “feísmo”. Óptimo, La Voz pode fazer o que lhe pete para favorecer-se a sim mesma e os seus ingressos institucionais (por “normalizaçom lingüística”, por exemplo), ou para botar umha mao aos seus protegidos, é dizer, a asa cavernícola do PSOE. O escandaloso nom é que o intente. O escandaloso é que o consiga. Que lhe bastem duas ou três capas para que o PSOE e o BNG deixem de menospreciar o Plano Galiza e se virem os seus máximos defensores; que com “impulsionar um debate social” consiga fazer tragar à populaçom e ao nacionalismo institucional (excepto o ecologismo) projectos como o de Reganosa, o AVE, autoestradas, etc. Ou fazer da Cidade da Cultura um escárnio recém descoberto, para o País e para A Corunha… O trágico de todo isto é que revela a incapacidade do movimento popular para marcar a sua própria agenda política, para rachar com a “correcçom política” que estabelece La Voz e que nos diz “o Plano Galiza é bom”, “as infraestruturas rodoviárias som condiçons para o desenvolvimento”, “Reganosa contribuirá ao progresso económico de Trasancos”, e assim sucessivamente. Aceitadas essas verdades, apenas resta a opçom de competir com o PP e o PSOE em gritar “Maís! Mais!”, “Mais rápido!” e assegurar que “Nós fariamo-lo melhor”. Claro, com tal dependência da ideologia oficial resulta difícil propormo-nos objectivos ambiciosos, quando pensamos em temas nos que a cadeia do pensamento único se aperta mais e mais, como a questom nacional. A ver quem se atreve a mencionar a autodeterminaçom diante dum jornalista de La Voz, por exemplo. De todo isto, e sobretodo com o caso espectacular da Cidade da Cultura, desprendem-se duas liçons claras. A primeira, que cumpre desconectar-se dumha vez da “imprensa livre”: ou consolidamos meios de comunicaçom populares ou seguiremos a ser toda a vida marionetas dos de sempre. A segunda, que a maioria desses intelectuais e políticos que agora se botam as maos à cabeça polo desmedido, irracional e esbanjador do mausoleu de Fraga, atendem única e exclusivamente ao dono do pesebre. Cumpre sabé-lo para nom levarmo-nos a engano: essa é a nossa “intelectualidade”. E mentres tanto, nom se passa nada. Nós ao nosso: a a seguir, como dizia o outro, dando gritos em plena sesta cívica. Ugio Caamanho Sam-Tisso, preso independentista galego Navalcarnero-Madrid (Espanha)